CAP - 1
II Co 1:4-6,
8-9,12,19-22.
A BOA TERRA, O TEMPLO E A NOIVA
O pensamento central
das Escrituras é a intenção de Deus de trabalhar-se em nosso interior em Cristo
e por meio do Espírito, a fim de que Deus e nós, nós e Deus, possamos ser
verdadeiramente um em vida, em natureza e no Espírito. A fim de mostrar isso,
Deus usa vários figuras ou símbolos na Bíblia. Primeiramente, Ele usa a figura
da boa terra (Êx.3:8; Cl.1:12; 2:6-7). Deus salvou e libertou Israel do Egito e
o levou pelo deserto para a terra de Canaã, que era o real desfrute para os
filhos de Israel (Dt.8:7-10). A boa terra é um tipo de Cristo para nosso uso.
Deus libertou-nos do mundo, trouxe-nos a Cristo (1ª Co. 1:30), e fez de Cristo
a boa terra a fim de que possamos desfrutá-Lo a todo tempo. Tudo o que Ele é
será trabalhando em nós (Gl.1:16; 2:20; 4:19), e toda s as Suas riquezas (Ef.3:8)
serão nosso desfrute (Rm.10:12). Então, em experiência, serremos um com Cristo.
OUTRO grande símbolo
na Bíblia é o tabernáculo ou o templo (Jo.1:14; 2:19-21; 1ª Co.3:16-17; Ef.2:21-22;
Ap.21:3, 22). Tanto no tabernáculo como no templo havia o átrio exterior, o
Santo Lugar e o Santo dos Santos. Se você for um sacerdote de Deus no padrão
que Ele deseja, você será alguém no Santo dos Santos. Ser um com Deus no Santo
dos Santos é desfrutar Deus sendo amalgamado com Ele. Desfrutar Deus no Santo
dos Santos, no espírito (Jo.4:24), é ser amalgamado com Ele (1ª Co.6:17) como
um em vida e natureza (1ª Jo.5:12; 2ª Pd.1:4).
ALÉM da boa terra de
Canaã e do tabernáculo ou templo, há outra figura na Bíblia relacionada ao
nosso desfrute de Cristo. Essa figura é a
Noiva (Jo.3:29),
Esposa (Ap.19:7,
Virgem (2ª Co.11:2).
Todo o povo redimido
de Cristo é uma noiva, uma virgem para Cristo. Todos nós temos de ser na
experiência uma noiva e uma virgem para Cristo a fim de podermos desfrutá-lo, e
Ele desfruta-nos, para sermos um como Ele. Portanto, na Bíblia, existem esses
três tipos:
A boa terra,
O templo,
A noiva, esposa e
virgem para Cristo. Esses tipos podem também ser encontrados, em particular, em
2ª Coríntios.
Em 1ª Coríntios, os
crentes ainda estavam no deserto, e não na terra de Canaã. Eles ainda estavam
na carne (o átrio exterior) ou alma (o Santo lugar), mais ainda não
estavam no espírito (o Santo dos Santos). Em 1ª Coríntios 5:7 a Páscoa é
mencionada. O povo desfrutou a Páscoa no Egito. Então no capítulo dez estão o
maná e a água viva proveniente da rocha fendida (vs.3-4). Esses itens também
foram desfrutados pelo povo no deserto. Em 1ª Coríntios não podemos ver nada
referente á entrada dos filhos de Israel na boa terra e do desfrute que tiveram
dela. Portanto, o apóstolo Paulo os encorajou a prosseguir (1ª Co.9:24). Os
coríntios podiam Ter os dons “espirituais” e o conhecimento, todavia Paulo
disse-lhes que ainda eram carnais (1ª Co.3:1,3) e almáticos (2:14). Não eram
espirituais (3:1) porque ainda agiam e andavam na alma e na carne. Paulo estava
encorajando-os a prosseguir para saírem da esfera da vida almática, a fim de
viverem no espírito, sob a liderança do Espírito para desfrutarem Cristo como
sua boa terra.
Em 2ª Coríntios,
Paulo foi adiante, dizendo-lhes que temia que eles fossem distraídos de Cristo.
Eles tinham sido desposados a Cristo, mas ainda almejavam algo além dEle (11:2-3).
Paulo os exortou a esquecer todos os outros objetivos e a tomar Cristo como seu
único alvo. Ele é o Noivo e eles eram a noiva. A Segunda Epístola aos Coríntios
mostra-nos algumas pessoas que realmente entraram na boa terra e desfrutaram
suas riquezas. Elas experienciaram Cristo no espírito para tornarem-se parte da
noiva de Cristo.
As experiências
mencionadas nesse livro são experiências no Santo dos Santos. Esse livro
retrata uma pessoa que estava no Santo dos Santos. Paul e seus cooperadores
eram tais pessoas. Eles entraram na boa terra e estavam vivendo no espírito,
experienciando Cristo todo tempo. Eles eram profundos, até mesmo os mais
profundos na experiência de Cristo.
É bem difícil alguém
extrair doutrinas dessa Epístola. Se alguém tenta tirar doutrinas dela estará
entrando no território errado. Nesse território, dificilmente são encontradas
doutrinas, mas experiências em sua maior parte. Essas experiências não se
passam no Egito nem mesmo no deserto, mas na boa terra de Canaã. As
experiências não são na carne ou na alma, mas no espírito. Paulo não exercitava
sua sabedoria carnal, mas a sabedoria espiritual que é o próprio Deus. As
experiências nesse livro são as mais profundas; ocorrem no espírito, no Santo
dos Santos. 2ª Coríntios pode ser considerada como a autobiografia do apóstolo
Paulo. Se você quer saber que tipo de pessoa o apóstolo Paulo era, deve
examinar 2ª Coríntios.
O MINISTÉRIO
A Segunda Epístola
aos Coríntios fala sobre o ministério, que é constituído, produzido e formado
com as experiências das riquezas de Cristo por meio de sofrimentos, pressões
consumidoras, e da obra mortificadora da Cruz. O ministério não é meramente uma
questão de Dom. Uma pessoa pode ser capaz de falar fluente e eloqüentemente e
de dar várias ilustrações e provérbios apropriados, mas isso somente é um Dom.
O que as igrejas, o Corpo, necessita hoje é de o ministério. O Corpo precisa de
alguns irmãos que foram trabalhados de forma completa por Deus e com Deus a fim
de terem algo de Cristo, não simplesmente em sua mente, como conhecimento a ser
ensinado para os outros, mas como as riquezas de Cristo em seu espírito e em
todo seu ser interior, para ser transmitido a outros. Espero que estes se
disponham a ir a certos lugares para contatar as pessoas a ter comunhão com
elas. Por fim, será visto o crescimento em vida e a edificação dos santos nos
lugares por eles visitados. Hoje existe muito ensinamento, muito conhecimento e
muitos dons mas há uma grande carência de o ministério. Todos devemos ansiar
por tal ministério. Precisamos orar: “Senhor, seja gracioso para comigo a fim
de que eu seja libertado de meus conceitos relacionados aos dons. Como anseio
ser trabalhado com algo de Deus em Cristo no espírito. Que eu tenha algo do
elemento divino trabalhando em meu interior para ministrar aos outros a fim de
Ter um ministério divino de Cristo”. A igreja necessita muito mais do
ministério do que dos dons.
ENCORAJADOS POR DEUS
A Segunda Epístola
aos Coríntios 1:4-6 diz “Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que
também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, pela consolação
com que nós mesmos somos consolados por Deus. Porque, como as aflições de
Cristo transbordam para conosco, assim também por meio de Cristo transborda a
nossa consolação. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação;
ou, se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera suportando
com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos” . Orar e ler estes
versículos repetidamente nos ajudará a ver que a necessidade atual da igreja é
o ministério. Deus nos encoraja em toda a nossa tribulação com um propósito:
que sejamos capazes de encorajar a outros. A palavra grega para consolação no
versículo 4 também significa encorajamento. Ser consolado por Deus significa
ser encorajado por Ele.
O OPERAR DA CRUZ
QUANDO mais os
sofrimentos de Cristo abundam em nós, mais encorajamento ou refrigério seremos
capazes de desfrutar. Se desejamos ministra algo de Deus em Cristo aos outros,
temos de sofrer (o sofrimento de Cristo) para Ter a experiência. É pelo caminho
da cruz que teremos algumas riquezas de Cristo para ministrar aos outros. O
ministério não surge de nenhuma outra maneira, mas somente pelo operar da cruz.
PAULO nos disse que
Deus colocou-o numa situação onde foi “sobremaneira” (1:8) ou “excessivamente
sobrecarregado” a fim de que ele pudesse confortar a outros. Você pode
ser perguntar por que tem tantos problemas. Pode Ter problemas com o seu
cônjuge, com os filhos e mesmo com seu corpo. Você percebeu que nessa carta
existe a frase: “excessivamente sobrecarregado” ou “sobremaneira pressionado”?
Você pode ser pressionado, mas é pressionada sobremaneira? Isso significa que a
obra da cruz terminou com você, levou-o a um fim.
PAULO diz-nos que ele
e seus cooperadores foram excessivamente sobrecarregados acima de sua
capacidade ou força de modo que se desesperaram da própria vida (1:8). Muitos
dos irmãos jovens têm força. Porém mais cedo ou mais tarde, o Senhor
pressionar-lhe-á repentinamente, e você tentará suportar o sofrimento. Por fim
dirá: “Senhor, abandono minha resistência porque a Tua pressão é algo bem
acima das minhas forças.” Quando você se encontra sob determinado tido
de sofrimento, nunca tente exercitar sua própria força para suportá-lo sozinho.
Nunca tente vencê-lo por si mesmo. Você deve perceber que por fim o Senhor irá
pressioná-lo acima de suas forças. Quando vem a pressão, você pode exercitar
toda sua força: fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Mas quanto mais
você exercitar sua força mais será pressionado. Por fim, admitirá que a pressão
está bem acima de suas forças. Louvada seja o Senhor pela pressão sem limite
acima de osso poder!
DEPOIS que Paulo nos
disse que ele e seus cooperadores foram tão sobrecarregados que se desesperam
até da própria vida, ele disse: “Contudo, já em nós mesmos tivemos a
sentença de morte, para que não confiemos em nós, e, sim, no Deus que
ressuscita os mortos” (1:9). Quando os apóstolos estavam sob a pressão
da aflição, desesperados até da própria vida, devem Ter-se perguntado qual
seria o resultado de seu sofrimento. A resposta era a morte. A experiência de
morte, contudo, introduz-nos na experiência de ressurreição. Ressurreição é o
próprio Deus que ressuscita os mortos (Jo.11:25). A obra da cruz termina com
nosso ego para que possamos experimentar Deus em ressurreição. A
experiência da cruz sempre resulta no desfrute do Deus da ressurreição. Tal
experiência produz e forma o ministério (2ª Co.1:4-6). Esta experiência é
descrita mais detalhadamente em 4:7-12.
A palavra de Paulo
nos mostra que precisamos ser terminados. Necessitamos chegar ao fim. Aí,
então, aprenderemos a não confiar em nós mesmos, mas em Deus. Dizer que
precisamos confiar em Deus e não em nós é fácil, mas sermos completamente
trabalhados nessa questão requer bastante experiência. Deus está trabalhando
por meio da cruz para terminar conosco. (Obs. A cruz terminou para Jesus e quando
disse que tudo estava consumado estava também dizendo para nós que a cruz
ficava como herança para nós daí o texto que diz para tomarmos nossa cruz e
Segui-lo). Deus está trabalhado para levar-nos a um fim, até mesmo para
que nossa espiritualidade, nossas conquistas espirituais, sejam levadas a um
fim. Você pode confiar muito em suas conquistas espirituais, mas até isso tem
de ser terminado.
EM 1:12, Paulo diz:
“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com
simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de
Deus, temos vivido no mundo, e principalmente convosco” (VRC). Em sua
consciência, Paulo tinha o testemunho de que andava, movia-se e tinha seu ser
nesta terra não em sabedoria carnal, mas na graça de Deus. Para alguns,
sabedoria pode ser uma maneira inteligente de enfrentar determinada situação,
mas essa sabedoria vem da nossa mente. A sabedoria humana é algo que você
possui visando fazer algo para si mesmo. A graça de Deus é que você não faça
nada, mas que Deus faça tudo em seu interior. Não é você fazer algo para
enfrentar a situação, mas permitir que Deus faça tudo em você e por você (Isto
é: o grande problema é o seu PERMITIR. A única coisa a fazer é o PERMITIR e
isto não é fácil. Não podemos fazer nada humanamente falando: ir ao monte,
jejuar, comprar seu passaporte com dízimos, com campanhas. O nosso papel no
tomar a cruz é o de forçar mente e deixar que a ESPADA penetre dentro de nós e
nos corte dividindo o que o pecado misturou e lutar pela transformação de nosso
entendimento. O esforço, como disse não é humano pois sem fé é impossível
agradar a Deus e fé é o firme fundamento ). Isso é a graça de Deus.
PAULO disse que se
conduzia na simplicidade e sinceridade de Deus. Simplicidade pode também
significar singeleza. Deus é simples e Deus é singelo. Quanto mais estamos na
carne e na alma, mas complexos somos. Então não temos simplicidade, mas
complexidade. Uma pessoa almática é muito complexa. No entanto, quanto mais
permanecemos no Santo dos Santos, no espírito, mais simples nos tornamos.
Quanto mais ficamos no espírito, mais somos simples e sinceros. Somos sinceros
na motivação, no objetivo e em tudo o que desejamos. Em 1:12 estão a
simplicidade ou singeleza de Deus, a graça de Deus e a sinceridade de Deus. Se
fomos tratados com a cruz, de tal maneira que ela nos levou ao fim, seremos
pessoas pacíficas que desfrutam e experimentam a graça de Deus cuidando de tudo
por nós. Assim seremos tão simples e tão sinceros em nossa motivação e em nosso
objetivo. Desfrutaremos a graça de Deus e teremos a simplicidade e sinceridade
de Deus.
A UNÇÃO, O SELO E O PENHOR DO ESPÍRITO
QUANDO a cruz de
Cristo trabalha em você, este trabalho introduz a ressurreição. Portanto, em
1:21-22 diz-se que Deus nos ungiu, selou e nos deu o penhor, o antegozo do
Espírito. Se desejamos ministrar algo de Cristo a outras, temos de experimentar
Cristo pelo operar da cruz, e o operar da cruz é para a unção, o selar e o
penhor do Espírito. O ministério provém de tal experiência. Estamos agora em
Cristo e Cristo é nossa porção, mas experimentamos Cristo pelo operar da cruz.
Necessitamos da obra da cruz porque temos o ungir, o selar e o antegozo, a garantia
do espírito em nosso interior. Se você não foi levado a um fim, ser-lhe-á muito
difícil se importar com a unção e o selar interiores. Ser-lhe-á difícil
desfrutar do penhor interior do Espírito. O operar da cruz destina-se á
experiência da unção interior, do selar e do desfrute interior do penhor do
Espírito. Todos necessitamos do operar da cruz a fim de desfrutarmos o penhor
do Espírito e para que possamos experimentar a unção e o selar do Espírito
1º A unção;
2º O selar
3º O penhor.
Deus nos ungiu
Consigo mesmo. A unção é como uma pintura. Quanto mais alguém pinta mais tinta
deposita-se sobre a coisa que está sendo pintada. Hoje Deus é o pintor divino.
Ele nos pinta com todos os Seus elementos. Quanto mais nos pinta com seus
elementos divinos, mais esses elementos de Deus serão lavrados em nosso
interior. Portanto, a unção de Deus em nós é a sua transmissão de todos os Seus
elementos divinos dentro de nós. Quando éramos incrédulos, não tínhamos os
elementos divinos. Somente tínhamos o elemento humano. Desde que nos tornamos
cristãos, Deus está ungindo-nos Consigo mesmo em nosso interior para que
possamos ter os elementos divinos dispensados para todas as nossas partes
interiores.
Deus unge-nos Consigo mesmo a fim de podermos ser totalmente mesclados
a Ele, com os Seus elementos divinos, para sermos totalmente um com Ele.
A unção transmite os
elementos de Deus para o nosso interior e o sela imprime os elementos divinos
para expressar a imagem de Deus. Se, com um carimbo carimbarmos um pedaço de
papel, a figura do carimbo será deixada no papel. O selar nos dá a figura ou a
imagem. Deus não somente nos ungiu com todos os Seus elementos, como também
selou-nos com Sua própria imagem. Quanto mais somos selados por Deus, mais
teremos a sua imagem.
Finalmente temos o
penhor do Espírito. O penhor do Espírito é o antegozo de Deus como uma amostra
e garantia do pleno gozo de Deus. Deus colocou-se em nós como um tipo de sinal
de pagamento ou o antegozo para que possamos prová-lo em nosso interior.
Devemos ser impressionados
pelo fato de Deus Ter-nos ungido para todos os seus elementos, selado com sua
própria imagem e Ter-se colocado em nós como um tipo de sinal de pagamento para
nosso desfrute. Devemos aprender a perceber a unção interior, a como cooperar
com o selar interior e como desfrutar o penhor interior, o sinal do pagamento,
a garantia, o antegozo do Espírito Santo. Fazemos isso pelo operar da cruz. A
cruz tem de levar-nos ao fim. Então poderemos dizer: “Senhor, agora tenho a sentença
de morte. Estou desesperado de minha vida. Estou acabado. Estou terminado.”
Imediatamente sentiremos a unção interior, o selar interior e mesmo o penhor
interior do Espírito. Por meio dessas três experiências do Espírito que unge
como a unção, o selar e o penhor, juntamente com a experiência da cruz, o
ministério de Cristo é produzido. Mediante o operar da cruz com a unção, selar
e antegozo ou penhor interiores, teremos a experiência adequada de Cristo.
Então teremos o ministério de que o Corpo de Cristo necessita desesperadamente
nos dias de hoje. Que o Senhor seja misericordioso para conosco a fim de que
sejamos levados á percepção de como precisamos do operar da cruz levando-nos ao
fim e de quanto precisamos experimentar a unção interior, o selar e o penhor do
Espírito a fim de que tenhamos um ministério verdadeiro para o Corpo de Cristo.
Witness Lee
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