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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

UMA PESSOA NO ESPÍRITO

 Cap 2

II Co 1:9,12; 2:13; 4:13,16; 12:18; 10:3-4; 3:14; 4:4.

     Se você penetrar no espírito das Epístolas de Paulo a os Coríntios, verá que ao escrever essas duas cartas tinha por pano de fundo a história dos filhos de Israel. Toda a história dos filhos de Israel é um tipo completo das experiências dos cristãos no Novo Testamento (1ª Co.10:6 a11). Muitos cristãos estão claros quanto ao fato de que a Páscoa (1ª Co.5:7), o êxodo do Egito (1ª Co.10:1-2), a peregrinação no deserto (Hb.3:7-19) e o desfrute do maná celestial e da água proveniente da rocha fendida (1ª Co.10:3-4) são todos tipos de nossa experiência cristã atual. Mas a maioria dos cristãos não está tão clara de que entrar na boa terra, viver, andar, trabalhar e labutar nela também são tipos de nossa experiência cristã (Cl.2:6-7). Nossa necessidade é conhecer mais e mais acerca do viver, andar, trabalhar, lavrar e também da luta do povo de Israel na boa terra.

     QUANDO Paulo escreveu essas duas cartas, ele deve Ter tido como pano de fundo essa história. Em 1ª Coríntios 5:7 ele disse que Cristo era nossa Páscoa. Então, no capítulo dez, disse-nos que hoje estamos desfrutando o maná celestial e estamos bebendo a água viva da rocha fendida (vs.3-4). Isto significa que em 1ª Coríntios o povo havia sido levado para fora do Egito e peregrinava no deserto. Essa era a verdadeira situação dos coríntios, e com respeito a isto, atualmente muitos cristãos são coríntios. Não devemos pensar que somos melhores do que os coríntios. Alguns falam sobre a igreja celestial na carta de Efésios, contudo, muitos dentre eles, não são celestiais. Pose-se falar sobre a boa terra, Canaã, mas ainda se pode estar no Egito ou no deserto. Quando está em seu espírito, você está nos lugares celestiais (Ef.2:6) porque os lugares celestiais não podem ser separados de seu espírito. Os lugares celestiais estão no espírito, e o espírito está nos lugares celestiais ( Hb.4). Sempre que vive no espírito, você é elevado e encontra-se nos lugares. Mas você acha que hoje esta andando plenamente no espírito?

     OS coríntios falavam muito acerca de coisas espirituais, mas faziam-no de maneira carnal e almática. O apóstolo Paulo disse-lhes na primeira carta que eram carnais, não espirituais (3:1). No capítulo dois da primeira carta ele falou de homens almáticos (v.14). Um homem espiritual (2:15) é alguém que não se comporta segundo a carne ou age segundo a vida da alma, mas que vive segundo o espírito, ou seja, segundo seu espírito, ou seja, segundo seu espírito (Rm.1:9) amalgamado com o Espírito de Deus (Rm.8:16; 1ª Co.6:17). Essa pessoa é dominada, governada dirigida, movida e guiada por este espírito amalgamado. Embora os coríntios falassem muito sobre as coisas espirituais, o apóstolo Paulo chamou-os de carnais e almáticos. Estavam falando sobre coisas espirituais na alma e na carne. Alguns podem falar acerca das coisas celestiais em Efésios, mas o fazem como os coríntios: na alma ou na carne.

     A Segunda Epístola aos Coríntios é bem mais profunda que a primeira. Parece que não muitos têm dado atenção a esta Segunda carta. Em Romanos há a justificação pela fé, e em Efésios, está a igreja como o Corpo de Cristo. Mas qual é o conteúdo de 2ª Coríntios? Que impressão você extrai desta carta? Devo dizer-lhe que esta carta é totalmente no espírito. Muitos cristãos estão vivendo na carne ou na alma, não no espírito. Muitos conhecem algo acerca do Espírito Santo, mas poucos conhecem acerca de seu espírito humano no qual o Espírito Santo habita.

A - Após a carne e a alma em 1ª Coríntios, chegamos ao espírito em 2ª Coríntios.

B - Após o átrio exterior e o Santo Lugar, chegamos ao Santo dos Santos;

C - Após o Egito e o deserto, chegamos a boa terra, á terra de Canaã.

     Nesta carta você pode ver a boa terra. Também pode ver a vida prática do Santo dos Santos. Nesta carta pode-se ver alguns seres humanos absolutamente no espírito. 

NÃO CONFIAR EM NÓS MESMOS, MAS EM DEUS 

     EM 2ª Coríntios 1, Paulo diz-nos que ele e seus cooperadores foram “sobremaneira oprimidos acima das nossas forças, de modo tal que até da vida desesperamos” (V.8- IBB-Ver). Neles mesmos já tinham tido a sentença de morte a fim de não confiarem em si, mas no Deus que ressuscita os mortos (v.9). Necessitamos ser impressionados com estas palavras em 1:9). “Para que não confiássemos em nós, mas em Deus” (VRC). Pela redenção de Cristo, o próprio Deus, que está nos céus, veio até nós, para dentro de nosso espírito (Cl.1:27;2ª Tm.4:22). Agradecemos ao Senhor por ele estar agora em nosso espírito, chamando-nos para esquecer as coisas almáticas e para voltar-nos ao nosso espírito para encontrá-lo.

"Devemos não mais confiar em nosso ego ou em nossa alma, mas em Deus que está em nosso espírito". 

     PODEMOS conhecer a doutrina acerca de não mais confiarmos em nós mesmos, mas em Deus. Dizer que confiamos em Deus é fácil, mas em nossa experiência pode ser diferente. Se a esposa não for agradável para seu marido, a primeira coisa que ele normalmente fará é exercitar a mente para considerar a situação de sua esposa. Esse é o significado de confiar em si mesmo. Se realmente aprendemos a lição de não confiar em nós, primeiramente exercitaremos o espírito, não a mente puramente humana e exercitaremos o espírito após termos a mente de Cristo. Imediatamente voltaremos ao espírito e exercitaremos o espírito para contactar Deus. Isso significa, na prática, que não confiarmos em nós, mas em Deus. Todos precisamos deste tipo de experiência hoje. 

NÃO EM SABEDORIA CARNAL MAS NA GRAÇA DE DEUS

     EM 1:12 Paulo disse que se conduzia “não em sabedoria carnal, mas na graça de Deus” (IBB-Ver.) Confiar em si é ruim, mas Ter sabedoria carnal é pior. Paulo não disse sabedoria humana, mas sabedoria carnal.

     Geralmente entendemos que sabedoria relaciona-se á mente, mas Paulo fala de um tipo de sabedoria relacionada á carne. Sabedoria carnal está em oposição á graça de Deus. A sabedoria carnal é algo que liga a alma á carne. A graça de Deus está no espírito, operando por meio da alma e do corpo. Confiamos em Deus e este Deus está operando em nosso interior. Graça é o próprio Deus que opera em nosso interior. Ele está operando a partir de nosso espírito, alcança do nossa alma e corpo a fim de que todo o nosso ser esteja debaixo de Seu operar. Não devemos Ter nenhuma confiança em nós, mas em Deus. Conversar, andar, viver neste mundo não devem ser feitos em nossa sabedoria carnal, mas na graça de Deus. Isso significa que paramos com nossos atos e que agora Deus é quem opera em nosso interior a partir do nosso espírito alcançando nossa alma e corpo. (Cuidado com a sabedoria carnal, isto é, com os falsos ensinadores dizendo que as verdades de Deus se acham em seus ensinos carnais e que sempre estão dentro de costumes ou até de textos bíblicos isolados. Sabedoria carnal é exatamente estes ensinos que tem levado as religiões a se discordarem e, logicamente, a fações.) Todo nosso ser está sob o operar de Deus. Esse tipo de pessoa está sob o operar de Deus. Este tipo de possa está vivendo e andando no Santo dos Santos todo tempo.

EM MEU ESPÍRITO

     POR ser uma pessoa vivendo no Santo dos Santos, Paulo podia dizer: “Não tive, contudo, tranqüilidade no meu espírito” (2:13). Paulo não disse que não teve tranqüilidade na mente ou no coração. Se quer entender 2ª Coríntios, você tem de assimilar as frases principais, tais como:

“não confiássemos em nós, mas em Deus”;

“não em sabedoria carnal, mas na graça de Deus”: e

“não tive, contudo, tranqüilidade no meu espírito”.

     Paulo não disse que não tinha tranqüilidade no Espírito, mas “no meu espírito”. Paulo era uma pessoa que vivia, andava, trabalhava e tinha seu ser no seu espírito. Não era um homem vivendo na alma ou na carne, mas uma pessoa vivendo no espírito. Dessa forma, podia dizer que não tinha tranqüilidade no seu espírito.

     Isso nos mostra que Paulo não se importava com as circunstâncias nem com aquilo que pensava ou podia ver. Somente se importava com seu espírito. O irmão Tito não havia chegado, portanto ele não teve tranqüilidade em seu espírito. Gosto deste termo: “no meu espírito”. Temos de ser lavados á percepção de nosso espírito, aprender como fazer tudo em nosso espírito. Se ficamos felizes, devemos ficar felizes no espírito. Se ficarmos tristes, temos de estar tristes no espírito. Muitas vezes estamos felizes meramente em nossa emoção. Podemos não saber como ficar felizes no espírito. Mas temos de aprender a ser felizes no espírito, aprender a como ter tranqüilidade no espírito e a ser pessoas vivendo no espírito.

     Então em 4:13 Paulo fala-nos que ele e os irmãos com ele tinham “o mesmo espírito da fé”. Todos temos de aprender a exercitar o espírito a tal ponto. Em tudo o que fizemos em tudo que dissermos, temos de estar certos de que temos o mesmo espírito, de que estamos no mesmo espírito. Não se trata de algo na alma ou na carne, mas no espírito Quando vamos visitar um irmão, temos de ir no espírito. Quando temos comunhão, devemos tê-la no espírito.

O HOMEM EXTERIOR SE DESGASTANDO, CONTUDO O HOMEM INTERIOR SENDO RENOVADO

“Por isso não desanimamos: pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia”. (4:16) 
      O homem interior é o nosso espírito regenerado como a vida e a pessoa, tendo nossa alma renovada como seu órgão. O homem exterior é nosso corpo como o órgão com nossa alma como sua vida e pessoa. O homem exterior está perecendo, desgastando-se, ou sendo enfraquecido, reduzido e consumido. Mas o homem interior está sendo renovado, refrescado, encorajado e fortalecido por ser nutrido como o suprimento refrescante da vida de ressurreição. Á medida que nosso corpo moral, nosso homem exterior, está sendo consumido pela obra aniquiladora da morte, nosso homem interior, isto é, nosso espírito regenerado com as partes interiores de nosso ser (Jr.31:33; Hb.8:10; Rm.7:22, 25) está sendo metabolicamente renovado dia a dia com o suprimento da vida de ressurreição.

     O homem exterior tem de ser consumido. Ele está desgastando-se e sendo reduzido. O homem interior tem de ser encorajado e refrescado. Para entender o pleno significado daquilo que Paulo apresenta aqui, temos de juntar os quatro primeiros capítulos. No primeiro capítulo, ele os diz que foi pressionado sem limite (v.8). Então no quarto capítulo ele nos mostra como foi pressionado por todos os lados ou atribulado em tudo (v.8), Os versículos 7 a 18 do capítulo quarto mostram que os apóstolos viviam uma vida crucificada em ressurreição ou uma vida ressurreta sob o aniquilar da cruz, ara levarem a cabo o seu ministério. Paulo foi muito atribulado e aturdido, mas percebeu que tais aflições e perplexidades realizavam um bom trabalho para reduzir seu homem exterior. Porém, enquanto o homem exterior estava sendo reduzido, o homem interior era refrigerado e encorajado dia a dia. Isso significa que temos de ser mantidos longe de nossa alma, o deserto o Santo Lugar. Devemos ser mantidos plena e totalmente no Santo dos Santos. Temos de viver e agir no Santo dos Santos.

     DISCUTIR com as pessoas é nutrir ou alimentar nossa vida da alma. Quanto mais você discute, mais forte torna-se o homem exterior. Algumas vezes esposas e maridos são tentados a contender ou argumentar. Suponha que a esposa esteja irada, mas que o irmão não diga uma única palavra para discutir com ela. O irmão poderá dizer que não disse nada porque tem aprendido a sofrer. Esse modo de agi, no entanto, não é o modo cristão, pode ser a maneira dos seguidores de Confúcio ou de Buda. Se você me perguntasse porque não discuto com minha esposa, diria que não gosto de alimentar ou nutrir minha alma. Quanto mais discuto com minha esposa, mais alimento a minha alma. Temos de aprender a lição de matar a alma de fome, de reduzi-la. O homem exterior tem de ser reduzido. Devemos perceber que tudo o que ocorre conosco tem um propósito. O propósito de Deus é que nosso homem exterior seja reduzido de maneira que o homem interior possa ser fortalecido, refrescando, encorajando, nutrindo e renovado de dia em dia.

     Quando o homem exterior é reduzido e nosso homem interior é renovado, somos guardados no Santo dos Santos. É aqui no Santo dos Santos, no nosso espírito, que desfrutamos e temos a experiência em Cristo. É aqui que você experimenta todas as coisas divinas com Deus e em Deus. Gradualmente nós próprios nos tornaremos um ministério. Não seremos meramente um ministro, mas um ministro com um ministério. Então ministraremos vida, Deus e as riquezas de Cristo aos outros. Não somente passaremos aos outros certos ensinamentos, doutrinas e conhecimento. Tudo o que fizermos será um ministrar Cristo, Deus, aos outros. Essa é a necessidade atual.

ANDAR NO MESMO ESPÍRITO

     Em 2ª Coríntios 12:18 Paulo diz que ele e Tito andavam no mesmo espírito. Esse versículo e os outros versículos sobre os quais tivemos comunhão mostram-nos que tipo de pessoa o apóstolo Paulo era. Ele era uma pessoa total, absoluta e inteiramente vivendo no espírito. Ele nunca era tirado do espírito.

LEVAR CATIVO TODO PENSAMENTO Á OBEDIÊNCIA DE CRISTO 

     Por viver em seu espírito, Paulo aprendeu a lição de como t ratar os pensamentos das pessoas. Em 2ª Coríntios á três passagens relacionadas com a questão dos pensamentos. Em 3:14, Paulo diz-nos que os pensamentos dos filhos de Israel foram endurecidos. Então em 4:4 ele diz que os pensamentos dos incrédulos foram cegados pelo deus deste século. Finalmente, em 10:5; Paulo indica que os pensamentos devem ser capturados par obedecerem a Cristo. Os pensamentos podem ser endurecidos pelo ego, cegados pelo deus deste século ou ser capturados por aqueles que têm o ministério. Eles são capturados por aqueles que guerreiam, que lutam a batalha, não segundo a carne, mas com as armas que são poderosas em Deus (v.4). Quando você tem o ministério, quando é uma pessoa realmente vivendo e andando no espírito, você não está lutando a batalha segundo a carne, mas é equipado, qualificado a fazer uma obra para capturar os pensamentos das pessoas, para levar todos os seus pensamentos cativos á obediência de Cristo.

     Você nunca subjugará as pessoas através de argumentos. Quanto mais argumenta, mais estimula os pensamentos das pessoas. Algumas pessoas podem ir até você para desafiá-lo a argumentar com elas, mas se o fizer, somente estimulará seus pensamentos. Contudo, se você for alguém que tem o ministério interior, será qualificado e equipado com as armas espirituais que são poderosos em Deus para abater ou derrotar os arrazoamentos e para levar cativo todo pensamento á obediência de Cristo.

O QUE A IGREJA NECESSITA HOJE: O MINISTÉRIO DE CRISTO 

     Em 1ª Coríntios existem os dons, o conhecimento e os ensinamentos. Mas em 2ª Coríntios não podemos encontrar tais coisa. Não podemos achar milagres ou curas. Em vez disso, há o espírito na carne de Paulo que o Senhor recusou-se a tirar mesmo após Paulo Ter rogado a Ele três vezes (12:7-9). Paulo pediu ao Senhor para realizar um milagre tirando o espírito, mais o Senhor recusou-se a fazê-lo. Nessa carta não vemos milagres, mas sofrimento para reduzir o homem exterior a fim de que o ministério possa ser produzido. Quanto mais sofremos, mais o homem exterior é reduzido, e mais teremos do ministério. Então teremos algo das riquezas de Cristo para ministrar aos outros. Esta é a necessidade atual da igreja. A igreja não tem grande necessidade de milagres, dons, ensinamentos ou conhecimento desta ou daquela nação com seus costumes (tradições). Hoje a igreja necessita do ministério de Cristo. A história os tem mostrado que algo pode ser edificado por meio dos dons, mas que, por fim, o que foi edificado é derrubado pelos mesmos dons. Essa é a história trágica que se tem repetido muitas vezes.


     Se desejamos ser humilhados pela graça do Senhor e aprender a como viver o espírito, o Senhor soberano atribuirá a cada um de nós certa porção de sofrimento. Quanto mais amamos o Senhor Jesus, mais sofreremos e mais seremos reduzidos. Por fim, certa porção de ministério será produzida e a igreja será edificada. Isso é o que a igreja necessita hoje.

Witness Lee
 Fonte: Livro 'Autobiografia de uma pessoa no Espírito

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